Registro Místico 1: A janela

Fonte: Recessos da Memória. Data: 1983. Local: São Paulo, Vila Madalena, Rua Morato Coelho. Experiência: Projeção psíquica. Tipo: Proximidade. Relevância: 8.

Um maravilhoso despertar

Este é a primeira experiência mística da qual me recordo. Procurei resgatar, dos recessos da memória, todos os detalhes relevantes, sendo absolutamente fiel às visões e sensações vivenciadas.

Eu tinha 6 anos de idade...

Morávamos em uma casa que, a meus olhos de criança, parecia muito grande, com altas paredes brancas. Havia uma garagem aberta que passava pelo lado, e uma longa escada que dava para o andar de cima, onde ficavam os quartos de dormir, o quarto de livros e TV, e o banheiro.

Eu vivia uma infância alegre e despreocupada com o meu irmão mais velho Lucas, a minha mãe Ceiça e meu padrasto Paulo. O Lucas era famoso na família por seu temperamento rebelde e seu gosto especial por fogo.

Eu dormia lá em cima em um beliche, que depois de um tempo foi serrado ao meio por Paulo para criar duas camas separadas.

Passava muito tempo no quarto de livros e TV, onde havia uma pequena janela. Vez por outra me debruçava perigosamente, a contemplar a paisagem urbana e a garagem lá embaixo, ainda bagunçada pelas brincadeiras de teatro e giz colorido.

Chegou a véspera de Natal. Lembro que eu e Lucas assistimos a alguns programas na TV, e passamos o dia levantando vários questionamentos.

Como o Papai Noel conseguia entrar pela chaminé se era tão gordo? Como ele entrava nas casas e ia embora sem ninguém perceber? Como conseguia entregar presentes para todos do mundo em apenas uma noite? E nas casas onde não tinha chaminé?

Naquela época, as histórias natalinas eram bem mais ingênuas, e, por isso, ainda não tínhamos as teorias sofisticadas comuns às crianças do século XXI. Resolvemos, então, fazer uma vigília para pegar o Papai Noel no flagra.

Na hora de dormir, deitamos cada um em sua cama recém-separada. Minha mãe veio e passou hidratante em nossas mãos. “No pé também, mãe! Eu tenho o pé seco!” Disse o Lucas. Eu usei o mesmo argumento para ganhar um carinho extra.

“O Papai Noel não existe!” Disse o Lucas, amargurado, depois que a minha mãe foi embora e apagou a luz. “É tudo uma grande mentira!”

A falta de lógica das histórias natalinas, realmente, me incomodava. Mas eu ainda procurava explicações. Talvez o Papai Noel tivesse poderes mágicos. Talvez ele pudesse atravessar as paredes, ficar invisível, ou mesmo estar em vários lugares ao mesmo tempo. Eu acreditava que coisas mágicas poderiam existir, mesmo sem uma boa explicação para elas.

Esperamos o nosso Papai Noel chegar (ele sempre colocava os presentes debaixo da cama). Passamos um bom tempo fingindo dormir, até que o sono de verdade começou a bater. O Lucas inclinou a cabeça quase para fora da cama, e começou a roncar.

Restavam apenas eu e a minha curiosidade científica, e, por que não dizer, mística. Cocei o olho que já estava ardendo, decidido a resistir firme até o fim. Sentia que algo importante iria acontecer naquela noite.

Finalmente, uma sombra indecisa passou a espiar pela porta do quarto. Com os olhos semicerrados, percebi a silhueta da minha mãe. Então, era isso… No final das contas, o Papai Noel não existia… Restava-me, apenas, ceder ao sono que já pesava sobre mim.

Acordei no meio da noite. O Lucas estava enroladinho no lençol, e preferi não mexer nele. Todos na casa deveriam estar dormindo.

Fui até o quarto de livros e TV. Estava escuro, mas não precisei acender a luz para ver as coisas. Tudo parecia cinzento, empoeirado.

A janela estava aberta. Debrucei-me e olhei através dela: o clima estava diferente… Apesar de ser noite, o céu estava pálido, um azul brilhante e profundo, transparente como um fino lençol a cobrir todas as coisas.

Na garagem lá embaixo, crianças brincavam de bola. Eu não as conhecia, mas eram muito belas e alegres. Desejei brincar com elas, e me perceberam. Sorriam e acenaram para mim.

Deslizei suavemente pela moldura da janela, flutuando em uma curva até pousar no chão. Fui muito bem recebido. A sensação de aventura e liberdade me levaram a um estado de intensa alegria, uma euforia que eu jamais havia experimentado em minha breve vida.

Não me recordo muito bem do que aconteceu depois. Restam apenas, nos recessos da memória, fragmentos nebulosos de belos lugares e pessoas amigáveis.

Quando acordei, no outro dia, fui logo até o quarto de livros e TV, e lá estava! Era a mesma janela, mas, ao mesmo tempo, não era. Olhei através dela. Era a mesma paisagem, o mesmo o chão…, mas, ao mesmo tempo, não eram. Tudo estava como sempre esteve nos dias comuns da vida comum.

Pensei em pular, mas, na mesma hora, percebi que não era uma boa ideia. O chão da garagem parecia muito áspero, eu me sentia pesado. Logo, a tive a certeza de que, se pulasse naquela mesma hora, iria me esborrachar. Podia até quebrar um osso.

Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que podia voar! Me lembrava de forma muito vívida das deliciosas sensações de flutuar e brincar em plena liberdade.

Contei para a minha mãe. Ela ficou com medo de que eu me machucasse, e fez de tudo para me convencer de que o “salto” não havia sido real. “Foi apenas um sonho!”, insistiu ela.

Ora, eu podia ser criança, mas não era bobo. Sabia muito bem o que era sonho e o que não era. Já entendia que, quando sonhamos, estamos dormindo e vemos as coisas passarem sem muito controle. Porém, na hora do meu “salto”, eu estava acordado! Eu estava lúcido! Eu lembrava muito bem, eu tinha clareza, eu tinha certeza! No final, abaixei a cabeça e disse “tudo bem”, para que ela parasse de se preocupar.

Pensei por muitos dias e não consegui entender o que havia acontecido. Então eu era mesmo capaz de voar? Por que as coisas pareciam tão diferentes? Quem eram aquelas crianças? Eu não estava sonhando, e, ao mesmo tempo, não estava acordado como em um dia comum…

Tais questões me seguiriam por muitos anos, até que eu finalmente entendesse o que é uma projeção psíquica. Porém, desde aquele dia, eu já tinha a certeza de que coisas mágicas podiam existir, mesmo sem uma boa explicação para elas.

Assista a este relato em vídeo!

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